quinta-feira, outubro 08, 2009

( 2 ) Comentários

O Palco de Iracema é quando ela Dança na Chuva.





(Isto é ficção):


Dormindo por volta das 3h da manhã, foi contemplada por uma leve gota d’água em sua face. Calculou errado ao observar o tempo durante o dia. E nesta noite, não se precaveu a procurar cobertura alguma. No relento, deitada ao chão e sem ter para onde correr, a madrugada ficava cada vez mais fria.

Procurou logo despir-se de seu agasalho e guardou em uma sacola para mantê-los enxutos.

Agora uma fina blusa e um pequeno short eram-lhe suficiente para cobrir a sua nudez.

Encontrava-se abatida, franzina a tremer. Seus braços envolviam-lhe o corpo na tentativa de se encobrir e aquecer-se porquanto já estava molhada.

Sentada ao chão em meio a poças de água, gemia e resmungava a chuva que lhe era cruel.

Apesar de possuir um corpo franzino, o destrato não fora capaz de rouba-lhe uma singela beleza. Em seus cabelos quebrados, pingos de chuva escorregavam vagarosamente e uniam-se a outras moléculas para realçar um brilho em seu rosto. Notou que enquanto tremia era contemplada por olhares piedosos ao longe.

A luz do poste que insidiava sobre seu rosto era seu holofote. A calçada molhada era seu palco. Então cantou. Timidamente sussurrando, mas cantou. Não havia letras em seu canto, apenas um trêmulo e leve grunhido para disfarçar o frio.

Então, num dado momento, esqueceu o passado, o futuro e enfim, o presente. Era só ela e a chuva. Não percebia mais o frio. Seu rosto brilhou ainda mais quando deixou emergir um sorriso.

Viu o vento soprar mais forte. Mas isso trazia ainda mais água que cintilava ao clarão das lâmpadas acesas. Diante deste cenário, esqueceu sua vergonha, levantou e dançou. Até a chuva cessar era apenas ela, a chuva e ninguém mais.

Imagem original via Balaio Porreta 1986



2 Responses to " O Palco de Iracema é quando ela Dança na Chuva. "
16 de janeiro de 2010 às 22:52
Dançar na chuva dá uma satisfação enorme num país quente. Não neste onde vivo.
Ginger said :
22 de janeiro de 2010 às 17:29
Eu tou com a Brown... esse texto, se fosse vivido "aqui" acaba com um valente de uma pneumonia. =D

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