terça-feira, julho 21, 2009
Indiferente
Sena do Aragão
Estava sentado sobre seus calcanhares enquanto a rua gritava entre pulos e gargalhadas.
Quieto, não olhava para nada além de si mesmo. Seu interior vazio. Calmo e indiferente.
Sentia apenas uma contratura involuntária que vinha de seus braços que há muito tempo já envolvia as pernas na tentativa de aquecer-se um pouco.
O Sol já não o iluminava. Há horas o abandonara escondendo-se dele. Pequenos insetos voadores festejavam nas costas nua enquanto sugava-o o fraco sangue.
Sua pele suja bradava por um banho, pois a ultima vez que tocou água, foi em um dia de chuva. Mas nessa noite fria, almejava a seca.
De repente, por trás foi golpeado por um joelho que passava apressado e para não roçar por inteiro o chão, levou a mão a calçada. Seu ouvido atento esperava ouvir algo além dos passos apressados distanciando de si, ficando cada vez mais baixo enquanto tornava a recompor-se vagarosamente a sua antiga posição.
Novamente estava ele, quieto, olhando para si, vazio, calmo e indiferente.