quarta-feira, novembro 04, 2015

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Goiabeira



Ontem eu vi uma goiabeira. Não era minha.

Passaria despercebida não tivesse recordado velhas lembranças – quintal.
Lembranças de sustento em rede, amores, da sombra, de viola para acompanhar pássaros; dança de folhas e gorjeios. Ou só pelo silêncio a ver os filhos de outra rua a correr de um lado para outro.
Quando na adolescência era bom subir, deitar em sombra e comer. Frustração: Aquela grande e bela fruta, em outra face, tinha sido outrora ganhada por uma ave. Leve, só “cabuco” tinha ao virar. Observar a vizinha... E que vizinha! E que vida. Sacudir formiga com uma das mãos, segurar o livro com a outra e sentir-se gigante. Era ver a terra de um plano ainda mais alto.
Dia chuvoso para olhar pela janela o céu prateado fosco entre folhas verdes, marrons, amarelas. Dizer: – Vou ali e volto. Vou trabalhar.
Aquelas noites, soturnas, folhas escuras a deixar o ambiente mais sombrio. Silêncio... ou rugido de tronco. Sinistro do mesmo jeito. Nisto a olhar para cima e ter as folhas torcendo ao vento a cobrir o espiado da lua.

Hoje, tronco seco sem sangria. Albumina escassa já não atrai formiga. Sem vida. Faz me pensar que quando caiu-lhe os troncos ruflaram lembranças e vieram abaixo também possibilidades.

Imagem via Superbom.
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"O que fazemos na vida ecoa na eternidade."



 

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